...quase todo dia uma pequena viagem...
 

segunda-feira - 30 de junho de 2003

Invisibilidades



Foram oito anos de invisibilidade, trabalhando sem receber durante meio expediente simplesmente para estudar um grupo de pessoas que "não existe". O convívio diário com os garis foi a base de estudo do Psicólogo Social Fernando Braga da Costa, que visava comprovar a teoria de que as pessoas apenas enxergam a função social do outro.

Na semana passada no Rio de Janeiro, milhares de pessoas se increveram num concurso que a daria a chance de se tornarem garis. Não almejavam a invisibilidade, ou estudar comportamentos. Estavam atrás de um emprego, um ganho fixo todo o mês. Não houveram garantias de contratações e nem um número máximo ou mínimo. A necessidade da COMLURB decidirá no próximo ano quantos dos aprovados irão ser efetivados.

Os requisitos são mínimos. Escolaridade até a quarta série, ter massa corporal adequada, saúde e, principalmente, boa forma para varrer ruas e fazer força. Não há exame escrito. Apenas um teste físico rigoroso. =



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domingo - 29 de junho de 2003

Comportamento



A sexualidade humana tem muitas formas. Refinamentos para um único fim natural. Mas como não vivemos mais na natureza há muitos milhares de anos... No entanto impressiona notar como tanto a internet como os ambientes sociais fora dela estão consolidando uma mudança no comportamento sexual das pessoas.

Falo especificamente da valorização da homossexualidade, que deixou de ser coisa de gueto (não que deva ser) e virou "fenômeno de massa". A modernidade parece ter voltado um pouco aos tempos gregos. Com certeza nunca vivemos num mundo sem diversidade e sem comportamentos dissoantes da maioria. No entanto, objetivamente existe uma certa opressão em sentido contrário. Assim como passeatas pelo orgulho negro trouxeram benefícios e progressos para os negros americanos, passeatas de orgulho gay ao redor do mundo, trarão benefícios aos que se engajam. Deve-se, no entanto, evitar equívocos que criem um racismo às avessas. Onde o negro é diferente e por isso tem direito a cotas em universidades. Ou que gays e lésbicas tenham de ter direitos especiais simplesmente por uma opção de comportamento.

O mundo da "sexualidade privada" é menos polêmico. Não há maior liberdade do que estar sozinho. No entanto, a internet disponibiliza a quem se dispuser a procurar, novas formas de sexualidade. E o inglês Sean Thomas um artigoconfessa o seu vício específicamente por pornografia na rede. Vício que o despertou para novas descobertas. E também o levou ao hospital. Ficou doente por noites a fio sem dormir o suficiente, conectado a fotos de pornografia na internet.

The Net had, in other words, revealed to me that I had an unquantifiable variety of sexual fantasies and quirks, and that the process of satisfying these desires online only led to the generation of more interest.

O mundo tem tantos prazeres, tantas possibilidades. E porque não ficar com os prazeres simples. A mediocridade não está em rotinas ou no marasmo de um dia após um outro, mas em seguir vivendo sem questionar e sem tomar caminhos verdadeiramente próprios. Porque com certeza o mundo não se divide entre grupos facilmente classificáveis. E pertencer a qualquer um deles nunca fará com que ninguém consiga achar sentido para a própria existência. = Pensamento Ilustrativo no Amarula com Sucrilhos. Mais artigos de Sean Thomas no The Spectator.co.uk:



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quinta-feira - 26 de junho de 2003

Espírito de Porco...



Por vezes ser idiota é simplesmente trazer para a sua vida comportamentos de doentes mentais. Um pouco do lado infantil desses comportamentos, ou simplesmente a inconseqüência que se julga terem pessoas clinicamente idiotas. Ser idiota por opção e não se importar com o pensamento dos outros é uma tentativa de construir algo revolucionário, uma revolução pela anarquia. = A deficiência mental no imaginário social. Lista de Diálogos de "Os Idiotas Mesmo". Textos Anarquistas



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segunda-feira - 23 de junho de 2003

Triunfo da vida digital



A concentração dos meios de comunicação tira toda a intimidade das rádios, tornando a experiência de viajar pelo país (os EUA no caso) algo pouco gratificante. De que serve ter centro e periferia, capital e interior sintonizados em uma emissora pré-programada. As mesmas músicas e fazendo as mesmas promoções que depois são entregues à porta sem que o locutor, que soa tão próximo, se quer saiba onde ficam as cidades nas quais ele tem ouvintes.

Naturalmente o fenômeno não exclusivamente norte-americano, muito pelo contrário. A consolidação de "rádios nacionais" e emissoras via satélite no Brasil também é enorme. Mas como a Rádio Nacional com seu pioneirismo ajudou a consolidar o Brasil enquanto um único país, as mesmas músicas de rádios como Transamérica, Jovem Pan, Rádio Rock e outras, só ajudam a deixar todo o país massificado. Perdendo o que sobra de regionalismo e se tornando cada vez mais um pouco paulistano (no que isso tem de ruim).

Para contrabalançar, a cultura digital também une as pessoas, principalmente as tímidas, através dos telefones celulares. Que no entanto são ainda extremamente subutilizados nos seus recursos tecnológicos, sendo até agora pequenos brinquedos chiques. Com telas coloridas, câmeras fotográficas de baixa qualidade, videogames e outras ferramentas inúteis.

A revolução digital é obviamente inevitável, no entanto, aos poucos a maior constatação, é que tudo parece por demais subutilizado, ou utilizado para fins pouco proveitosos. = Um pequeno exemplo de como grandes corporações não sabem como lidar com novos problemas:



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segunda-feira - 23 de junho de 2003

Produtos do meio



Conhecimento não ocupa espaço, mas definitivamente é hoje algo fragmentado. A internet tornou as pessoas um pouco "operadoras de fotocopiadora", não há como se chegar ao todo, conhecer um pouco de tudo, e muito menos não saber nada. E gera-se uma produção em larga escala de vazios existênciais.

Busca por fama, dinheiro, conhecimento, desconhecimento, auto-conhecimento, reconhecimento... por estar sozinho, por ser feliz, por ver-se feliz, por risos, por choros, por emoções fortes, por tranquilidade. Nada satisfez nem satisfará. Talvez estejamos ainda longe do que será a Era de Aquário, para os que creêm nela, ou a versão da Matrix na qual vivemos seja por demais imperfeita, pois nega a todos, a paz. Qualquer que seja ela.

Talvez as repostas sejam as drogas que tanto divertem (1). Boates lotadas assuntos vazios, músicas altas e prazeres rápidos. Sexo fácil, pago, gratuito. Como espectadores ou participantes. Talvez até complexo e sofrido preso em relacionamentos doentes. Não há paz no marasmo, muito menos no mundo aos berros do caos fabricado por seres humanos, aglomerados. A solução estaria no tempo, que a tudo destrói, modifica. E para esperar que passe o tempo, instala-se a guerra, para preencher o vazio ou virar-se do avesso e expô-lo ao mundo.

Enquanto isso, somos apenas um pouco produtos do meio que habitamos, reflexo de tudo que absorvemos por todos os sentidos, em todos os sentidos. = Pequena colagem... (1) As drogas, o medo e o meu saco cheio

Educational Television Her Favorite Class: 'Sex' Education

A CANÇÃO DO TEMPO EM MANUEL BANDEIRA CONTRA OS DEUSES DA CIDADE



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terça-feira - 22 de abril de 2003

Fim de Páscoa



Os ovos de chocolate industrializados só evidenciam o quanto é necessário o excesso. Desde obesos mórbidos que comam todas as porcarias até o desperdício de toneladas de doces prontos, não consumidos por ninguém. Estragando nas lojas ou retornados às fábricas depois da orgia no consumo de chocolate.

A alguns anos atrás todo e qualquer Ovo de Páscoa das grandes marcas era feito apenas de chocolate ao leite e variava o recheio. Atualmente fazem também a casca no tipo anunciado pela embalagem. Definitivamente foi uma evolução necessária, mas que apenas disfarça o fato principal.

As sutis diferenças entre cada tipo de chocolate industrializado é bastante difícil de ser percebida pelo paladar dos comuns. Até porque a variação de ingredientes com certeza é mínima. E assim como os Fandangos, Cheetos e similares tem exatamente a mesma fórmula e não passam de "isopores estomacais", os chocolates em barra vendidos às toneladas nas grandes lojas não tem entre si grandes distinções.

Pode ser ao leite, amargo, branco, com ou sem frutas e substâncias crocantes diversas. Mas uma linha de produção de chocalate obrigatoriamente não oferece ao paladar nada mais do que derivados de cacau, leite e açúcar misturados. E na Páscoa com embalagens brilhosas o preço final sobe enormemente.



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segunda-feira - 14 de abril de 2003

Evangélicos...



Depois de anos e pela primeira vez no Brasil pus o pé num templo. Um lugar adaptado, mas com quase todos os elementos da mesma fé com a qual convivi no interior da Carolina do Norte. Eram quase as mesmas palavras, só que na minha língua. Mas o pior de tudo foi comprovar como através de pequenas coisas, estamos sendo ainda mais colonizados. Tal e qual o índio do Amapá, americanos em Atlanta e brasileiros no Rio ouvem as mesmas pregações. O fundamentalismo cristão do "cinturão da bíblia" (bible belt) americano. Fonte de inspiração da fé que converteu nosso grande irmão George W. Bush.

Num país pobre e com pessoas com tão pouca esperança e como tantas portas fechadas, a fé avassaladora é definitivamente uma solução. Que se propõe definitiva e acima de tudo única. Agindo junto aos excluídos, falando aos necessitados e cada vez mais, ocupando papéis fundamentais numa sociedade pagã. Que está desgovernada e desvinculada da religião desde o início da república.

Não que antes fé e religião caminhando juntos sob o império estivessem dando solução aos problemas brasileiros. No entanto agora a fé, em meio a falta de qualquer governo, parece ter cada vez mais um papel na formação de novos cidadãos. Aguardemos a solução que será dada pelo caldeirão brasileiro a mais essa incorporação de um elemento cultural externo. Afinal, por mais que os pregadores da religião sejam praticamente os mesmos para os colonizadores e para nós, colonizados, o povo não é o mesmo.



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Detestável cansaço diário, desnecessário que nos empurra à cama. As cores, por mais forte que seja a luz ambiente não parecem corretas. Não há ajuste possível que torne as imagens nos olhos mais nítidas. Impossível regular uma máquina tão frágil que vicia-se num ciclo de 16 horas de trabalho e ...
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