Cartas da Turista Acidental (II) Ana Maria Bahiana

(...) Nada mais humano do que este fascínio pela vida alheia ou esta nossa capacidade de elevar companheiros de espécie à categoria de semideuses. (...)

O que atribuímos a estes ungidos é, freqüentemente, mais poderoso e fascinante do que eles mesmos. Lembra do que eu sempre digo sobre estas estrelas hollywoodianas que, um dia, me coube entrevistar? Que a maioria delas, na verdade, não mereceria dois dedos de prosa na vida real? Que suas vidas são banais, suas idéias, prosaicas, e suas opiniões, escassas? Que o que as torna interessantes é o fato de seus rostos fotografarem bem quando aparecem, do tamanho de um prédio de dois andares, nas telas dos cinemas? E que, pelo efeito contrário, algumas das pessoas mais legitimamente interessantes, pelo volume do seu talento, pelas escolhas de suas vidas, pela importância do que fazem, são péssimos assuntos, porque não sabem ou não gostam de falar? = Comunique-se