...quase todo dia uma pequena viagem...
 

terça-feira - 13 de maio de 2003

Para se apaixonar pela cidade



Imagens de um Rio que não se perde (*)

Isabel Lustosa

(...)

(...) Catete e Glória, já não são os mesmos do tempo dos presidentes e do tempo ainda mais longínquo do Imperador. Perderam muitas das suas características particulares. Mas ainda se avista seguindo pela Rua da Gloria em direção à Bento Lisboa e antes de se passar defronte do prédio da histórica delegacia, o casario da rua Barão de Guaratiba com suas paredes amarelas e portas vermelhas, casas emparelhadas, de interior sombrio e aluguel barato, felizmente esquecidas pela especulação imobiliária. E no Catete ainda se encontram vilas, como as de antigamente. Sumiram as pensões familiares das primeiras décadas deste século. Tantas, que se multiplicavam no entorno do palácio e seguiam na direção da Glória. Casas de cômodo de um certo nível em que se abrigavam famílias vindas do interior ou grupos de estudantes boêmios. Mas ficaram ainda alguns dos pequenos hotéis... E tem ali ainda aquele comércio tão característico do velho centro do Rio, comércio de balcões e prateleiras escuras, papel grosso para embrulhar a mercadoria, barbante descendo do teto e um indefectível dono português a escrevinhar a contabilidade da empresa.

(...)

(...) A transferência da Presidência para Brasília, levando com ela as famílias dos que trabalhavam ou de alguma forma estavam ligados ao staff presidencial arruinou muita gente que vivia das beiradas do poder. Por essa curiosa ironia, que faz com que a arquitetura cubana, por exemplo, tenha o maior conjunto de prédios coloniais preservados em toda a América, o abandono e o esquecimento foram os responsáveis pela conservação do que ainda existe do Catete e da Glória. Poupados pela ausência da grana "que ergue e destroi coisas belas" estão ainda lá quase intactos os prédios da Beneficiência Portuguesa; do Templo Positivista; do High Life, do Palácio de São Joaquim; o antigo Asilo de São Cornélio, onde hoje funciona uma faculdade de medicina e o Colégio Amaro Cavalcante, no Largo do Machado, produto do desprendimento de D. Pedro II, que em vez de estátua preferiu que se erguesse em sua homenagem uma escola. Coisas pelas quais a gente passa quase sem notar.

  • Publicado em "Glória e Catete". Col. Bairros do Rio, Rio de Janeiro: Casa da Palavra; São Paulo: Editora Fraiha, 1999.


    

 
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